quinta-feira, 23 de julho de 2020

MTG COMO PROPULSOR DO USO COERENTE DAS TECNOLOGIAS E VALORIZAÇÃO DO SER HUMANO


Tese apresentada aos tradicionalistas que fazem parte do Movimento Tradicionalista Gaúcho/RS, por ocasião do 67º Congresso Tradicionalista em São Borja, com o propósito de que, sirva como documento para reflexão destes e norteie as ações da Instituição.

 Autora : Luise  Morais
“Desprezemos aplausos falsos e protocolares. O que é vazio e falso, o elogio não valoriza, a homenagem não fixa e a publicidade não eterniza. Quem é guapo desde o berço, traz a marca na picanha.” (Glaucus Saraiva)

RESUMO
 O uso incoerente das inúmeras tecnologias disponíveis no transcorrer do tempo nos leva a crer que o ser humano não está se aproveitando atualmente, da melhor maneira das ferramentas que dispõe, e mais que isso, o uso irresponsável de eletrônicos e técnicas está prejudicando a interação harmônica e essencial entre indivíduos. O referido documento destina-se não só aos tradicionalistas, mas à toda e qualquer pessoa que se identifique com a problemática apresentada e que, visualize-a dentro de seu círculo social. A temática MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho) como propulsor do uso coerente das tecnologias e valorização do ser humano vem agir de forma racional e ao mesmo tempo humanizadora, numa esfera em que é necessário identificar o problema e tratá-lo para que a instituição dentro de suas ideologias possa aplicar efetivamente sua função de auxiliar a sociedade no progresso e evolução. O objetivo principal do presente trabalho é o de, sem menosprezar o uso das tecnologias, promover a reflexão e ações concretas acerca de como os tradicionalistas podem usufruir desta poderosa ferramenta, preservando ao mesmo tempo o convívio entre seres humanos, questão irrefutável à manutenção da vida em sociedade. A metodologia utilizada atingiu aspectos quantitativos e qualitativos através de levantamento de dados e bibliografia relacionada em livros, artigos, dissertações, teses e indexadores. A conclusão do referido documento é parcial, visto que a prática dirá quais são os resultados futuros de uma conscientização coletiva, e para tal, entende-se como de grande valia, a discussão e apresentação dos dados e observações levantadas, uma vez que são inadiáveis à aplicação de medida que traga maior tranquilidade da vida em comum.
 Palavras-Chave: Tecnologia, Sociedade, MTG, tradicionalismo, Pessoas, Coerente.

AGRADECIMENTOS 
Agradecer inicialmente ao Patrão lá de cima pelo momento inicial de inspiração durante o ENART 2013, para que pudesse desenvolver este documento com muita serenidade. Meu agradecimento também ao Movimento Tradicionalista Gaúcho por proporcionar que uma guria do interior do Estado pudesse apresentar suas singelas observações acerca de uma temática de forma tão democrática e acolhedora; à minha mãe Dejanira por me ouvir e incentivar a cada novo parágrafo e correlação que eu fazia, é por ti grande parte deste esforço em tornar útil esta passagem terrena. Meus sinceros agradecimentos à prenda e amiga Caroline Borges de Lemos por partilhar o início deste projeto através da proposição como Tema Anual levada à plenária em janeiro de 2014, suas contribuições foram essenciais para o amadurecimento da ideia. Ao CTG Piquete da Querência e à 29ª Região Tradicionalista por confiarem em meu trabalho e estudos me possibilitando agir sempre em nome do grupo tradicionalista. Agradeço de forma especial à Senhora Odila Paese Savaris que sugeriu que o tema, inicialmente levado ao conhecimento dos tradicionalistas como proposta de objetivo anual, fosse intensificado como Tese ao Movimento Tradicionalista Gaúcho, bem como ao Senhor Nairioli Antunes Callegaro, pela forma como acolheu a proposta e incansavelmente incentivou o desenvolvimento do meu pensamento enquanto jovem e líder tradicionalista. No mais, agradeço profundamente a cada um que, de uma forma ou de outra contribuíram para um documento de todos e para todos


                                                        
1 INTRODUÇÃO
As pessoas comumente fazem críticas, sem perceber que são direcionadas a si mesmas. Mais recentemente, as tecnologias tornaram-se uma “válvula de escape” da incapacidade humana em fazer uso coerente destas para acelerar a evolução de sua espécie. Há ainda, muita confusão em torno da palavra tecnologia, que frequentemente é associada ao celular e à Internet, mas que na verdade engloba técnicas, equipamentos, dispositivos e métodos. O que se quer dizer, é que, o protagonista é o ser humano, este sim, tem condições de analisar e ponderar o que lhe satisfaz em determinado momento, e para tal, é absurdo aceitar que o mesmo tenha se tornado “refém” das próprias criações. Nota-se, um amadorismo no ato de exercer liderança em suas próprias ações, uma vez que o comodismo gera inércia sobre as atitudes e o modo de pensar e discernir, isso está refletido diretamente às facilidades e velocidade decorrentes das tecnologias. As relações entre os indivíduos, entretanto, devem se processar para que continue havendo trocas de experiências e acentuando as já existentes, criando a percepção necessária de que a espécie humana é sociável, e sua evolução depende desta relação com o meio em que está inserida. O Movimento Tradicionalista Gaúcho é visto como importante instituição na preservação do convívio entre gerações, troca de experiências, aprendizados na prática, e hoje, cada um é responsável pela herança cultural e social disseminada, como disse João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes “o que importa é que as novas gerações estão dando continuidade aos nossos valores”. E diante desta afirmação, de um dos precursores do MTG, há que se evidenciar a necessidade de se discutir a conscientização, partindo dos tradicionalistas, o entendimento de que o equilíbrio entre o novo e o conservador é o melhor caminho para uma sociedade harmônica.
 1.1 OBJETIVOS 
1.1.1 Objetivo Geral O objetivo principal do presente trabalho é o de, sem menosprezar o uso das tecnologias, promover a reflexão e ações concretas acerca de como os tradicionalistas (e em consequência a sociedade) podem usufruir desta poderosa ferramenta, preservando ao mesmo tempo o convívio entre seres humanos, questão irrefutável à manutenção da vida em sociedade. 
 1.1.2 Objetivos Específicos o Identificar tecnologias que possam contribuir para com a propagação e organização do tradicionalismo; o Revitalizar as bibliotecas municipais e nas entidades tradicionalistas; o Promover oficinas de danças, leitura, artesanato e culinária para incentivar o convívio entre as pessoas; o Fazer a divulgação através das tecnologias disponíveis dos objetivos, estrutura, ideologia tradicionalista, para aproximar MTG da sociedade. 
1.2 JUSTIFICATIVA Apesar da observação massificada dos problemas causados pela utilização insatisfatória das tecnologias, os tradicionalistas não possuem um documento explícito que trate da temática, com isto pretende-se levar a efeito, na prática, o desejo de mudança de uma questão já verificada, através da coletividade. 
 2 TECNOLOGIA E SOCIEDADE A utilização do termo “tecnologia” é proveniente da Revolução Industrial, ao final do século XVIII. Esta palavra vem do grego em que tekhne significa técnica, arte, ofício, e logia significa estudo. Ainda conforme o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, a palavra tecnologia é “um conjunto de conhecimentos científicos que se aplicam a determinado ramo de atividade [...]”. Mas o termo tecnologia, se ampliado, pode significar várias coisas como defende Abetti (1989 apud STEENSMA, 1966 ) que define tecnologia como “um corpo de conhecimentos, ferramentas e técnicas, derivados da ciência prática, que é usado no desenvolvimento, projeto, produção, e aplicação de produtos, processos, sistemas e serviços”. As tecnologias primitivas podem ser exemplificadas com a descoberta do fogo, invenção da escrita e da roda, já tecnologias medievais contemplam as grandes navegações oportunizando a expansão marítima, e ainda no campo militar com a criação de armas. A partir do século XX pode-se destacar as tecnologias de informação e comunicação, o desenvolvimento dos computadores, Internet, bem como das tecnologias avançadas, como é o caso da energia nuclear e nanotecnologia. É visível que o acesso à informação via Internet, televisão, rádio, jornais, revistas etc... atua no modo de agir das pessoas, que podem responder à isso de três formas: 1 - age conforme a grande maioria, independente da opinião em massa ser errônea ou coerente com o fato em questão; 2 - torna-se neutro diante dos acontecimentos, sem posicionamento, e até mesmo desanimado com o ambiente que o cerca (basta observar a descrença da população que resulta em tantos votos nulos e brancos em períodos eleitorais); 3 - o indivíduo procura entender prós e contras, causas e consequências, com isso consegue debater e argumentar sobre o assunto, exercitando a tolerância, articulando relações e fornecendo subsídios às tomadas de decisão individuais e no grupo. Luiz Carlos Barbosa Lessa, grande pensador do Movimento Tradicionalista Gaúcho, ainda em 1954, na Tese O Sentido e o Valor do Tradicionalismo, escreveu que os dois fatores de desintegração da sociedade são: o enfraquecimento das culturas locais e o desaparecimento dos grupos locais, comunidades transmissoras de cultura. Menciona ainda, que o núcleo sólido da sociedade é composto por “hábitos, princípios morais, valores, associações e reações emocionais partilhados por TODOS os membros de determinada sociedade”, dando condições ao indivíduo de conviver em grupo, e contribuir para o bem estar da coletividade. Entretanto, há ao redor deste núcleo, uma zona de alternativas (fluída e instável), cujas atividades são partilhadas por apenas algumas pessoas, é esta zona que permite uma sociedade crescer, sendo, portanto, indispensável, mas como Lessa afirma:

Quando a cultura de determinado povo é invadida por novos hábitos e novas idéias, duas coisas podem ocorrer: se o patrimônio tradicional dessa cultura é coerente e forte, a sociedade só tem a lucrar com o referido contato, pois sabe analisar, escolher e integrar em seio aqueles traços culturais novos que, dentre muitos, realmente sejam benéficos à coletividade; se, porém, a cultura invadida não é predominante e forte, a confusão social é inevitável: idéias e hábitos incoerentes sufocam o núcleo cultural, desnorteando os indivíduos[...] Quem mais sofre com essa confusão social - acentua o sociólogo Donal Pierson - são as crianças e os adolescentes, os responsáveis pela sociedade do porvir. (LESSA, 1954) .
As ideias e hábitos podem, então, ser tratados na atualidade como as tecnologias provenientes do mundo moderno. Para que a sociedade não só rio-grandense, mas como um todo recupere valores morais e éticos, é indispensável a proliferação da consciência do uso coerente das tecnologias, valorizando o ser humano, dando especial atenção ao núcleo cultural, expandindo a herança social e patrimônio sociológico do gaúcho para todos os patamares da sociedade, cuidando ainda, para que as novas gerações sejam capazes de “filtrar” fatores e ideias que adentram o cotidiano, e aí é possível discutir algo que virou “tabu” em nossas famílias, escolas, trabalho etc.: Estamos sucumbindo ao vício pelos materiais eletrônicos? Por que é tão difícil admitir que estamos a cada dia mais reféns de minúsculos dispositivos e seus aplicativos? E ainda, se conhecemos a causa e o problema, qual a inércia que nos impede de encontrar uma solução para promover mudanças satisfatórias? Se até agora não houve convencimento de que a maioria das pessoas utiliza de forma insatisfatória a tecnologia, é necessário que se auto respondam: Seria possível administrar melhor o meu tempo se a cada cinco minutos o telefone não soasse com mensagens banais dos “grupos” online? Qual o último autor que você teve o prazer de ler, sem a ansiedade por olhar as atualizações da caixa de mensagens ao final de cada capítulo? Qual a última paisagem registrada apenas na sua memória e não na memória do cartão SD? O mais problemático é que não há admissão dos indivíduos de que estão errando, um erro repetitivo que afeta a convivência com os filhos, e se alastra até mesmo para a produtividade nos estudos e trabalho. E é daí que advém a certeza de que a sociedade, na sua grande maioria, está de fato viciada, pois como Figueiredo (1913, p. 2084) afirmou, “vício é hábito que, sem ser absolutamente condenável, prejudica de alguma forma quem o tem”. Sendo vício, portanto, deve ser tratado. Uma das doenças do mundo moderno é a nomofobia, que se traduz para o desconforto em ficar ausente de um eletrônico como o celular. Segundo a psicóloga Jéssica Garcia (MACHADO, 2014), a dependência do telefone ou mesmo da Internet desencadeia uma síndrome, cujo sintoma é o aumento da ansiedade, de maneira que o indivíduo não se imagine saindo à rua sem celular, e caso o esqueçam, retornem para buscar. A profissional menciona ainda que em casos mais graves, a nomofobia afeta relacionamentos interpessoais, com distanciamento do mundo real e maior isolamento. A inserção de tecnologias nas instituições de ensino, é exemplo claro e frequentemente debatido entre educadores, pais e os próprios alunos, isso porque a sociedade não está encontrando um ponto de equilíbrio para a questão que é simples, como menciona Menezes (2012) “Evitemos, contudo, posicionamentos radicais, pró ou contra. O essencial, naturalmente, é que o tecnológico esteja a serviço do pedagógico, e não o contrário”. E desta forma é necessário lembrar que, de tempo em tempo surge um debate que visivelmente relaciona-se com o aprendizado e comportamento dos indivíduos, foi assim após a II Guerra Mundial com a proliferação da televisão. A estrutura do ensino no Brasil está comprometida por não adaptar os currículos escolares às mudanças promovidas pelo meio. Mas para tal, é necessário observar cada instituição de um ângulo diferenciado, conforme a realidade onde está inserida, de quais ferramentas tecnológicas esta dispõe, para então aplicar soluções conforme sua necessidade e disponibilidade.



 2.1 AS TENCOLOGIAS À SERVIÇO DOS TRADICIONALISTAS Luis Carlos de Menezes é físico e educador da Universidade de São Paulo e afirma “Seria impensável, isso sim, ignorar a onda tecnológica que nos alcança. Se não aprendermos a surfar nela, acabaremos submergindo”. E é este posicionamento que o MTG, como organismo de natureza nativista, cívica, literária, artística e folclórica deve exercer. Uma grande conscientização em massa deve iniciar, e assim como em 1947 efetivou-se um movimento em busca da “identidade” do povo gaúcho, hoje é preciso recuperar o verdadeiro sentido da vida em sociedade, do ser coletivo e viver harmônico entre indivíduos. O ser humano sendo fundamentalmente racional, busca incessantemente na tecnologia inovações que melhorem seu nível de vida. Os tradicionalistas entendem a importância deste processo de desenvolvimento, e afirmam seu compromisso com o progresso e evolução através daquela que é cláusula pétrea em seu Estatuto, no item IV da Carta de Princípios (SARAIVA, 1961): “Facilitar e cooperar com a evolução e o progresso, buscando a harmonia social, criando a consciência do valor coletivo, combatendo o enfraquecimento da cultura comum e a desagregação que daí resulta”. Como ações desempenhadas pelo MTG em conjunto com as tecnologias, com o intuito de propagar nossa cultura, tradições e folclore pode-se destacar a transmissão para o mundo do maior Festival de Arte e Tradição da América Latina, o ENART, bem como o poderio das páginas eletrônicas, tais como, sites e blogs que proporcionam espaço de discussão entre os tradicionalistas sobre assuntos da atualidade que norteiam as atividades durante o ano, além é claro, de promover o intercâmbio cultural. Hoje, a interação entre as pessoas se processa facilmente: alguém que more na campanha gaúcha, consegue manter uma relação bastante estreita com alguém do planalto, ou, de qualquer parte do mundo. Entretanto, o senso crítico e de participação em um movimento de tal grandeza como o MTG, vai muito além do compartilhamento ou visualização de uma imagem ou texto nas redes sociais. E aqui entendemos com propriedade a diferença entre Informação e Conhecimento. A saber, Informação possui certa materialidade, e como menciona Maraschin e Axt (1998) “com o advento da digitalização da informação ela desvincula-se da representação analógica, podendo ser somente representada por um sistema binário (bits) o que possibilita outra forma de acervo global (Internet)”. Mas em outro âmbito, mais complexo, encontra-se o Conhecimento, que seria o produto ideal para a concepção das atividades em sociedade, ponderação sobre tudo que chega até nossos computadores, celulares, televisores e outras formas de mídia que aliás, são formadores de opinião massificada.
O que ocorre, portanto, não é uma culpa individualizada, mas sim, do envolvimento dos seguintes fatores, que estão contribuindo para a desagregação e enfraquecimento do núcleo cultural: perda das propriedades familiares - uma vez que cabe aos pais darem aos filhos a base da convivência em grupo, afinal a família é a primeira célula coletiva com a qual a criança tem contato, e seu comportamento nesta, será refletido para as demais seções da sociedade. O ambiente familiar deve servir como uma película que filtre as informações provenientes da atualidade, e mais que isso, deve dar o ensinamento necessário às crianças, para que estas tenham a capacidade de selecionar, o quanto antes, as tecnologias que contribuem para o progresso, sem conflitar com o desenvolvimento intelectual e social do indivíduo; o excesso de informação - na antiguidade, os grandes pensadores, cientistas e estudiosos não estavam “engessados” a uma só área do conhecimento, entendiam de física, química, filosofia, astronomia... e procuravam fazer a interligação entre todas as ciências, o que aguçava o senso crítico e motivava a sempre observar com olhos mais atentos o ambiente pelo qual estavam cercados, faziam a recepção da informação e estudavam-na concebendo o Conhecimento, que é definido por da seguinte forma :
Conhecimento é aquilo que fazemos com a informação. É o sentido que lhe damos, é como a combinamos. Conhecimento é relação. É ação, exercício, atividade, movimento, redes, conexões. Por essa razão é que podemos empregar tanto a idéia de conhecimento, quanto a de atividade cognitiva, que se sinonimam na idéia de relação. (MARASCHIN e AXT, 1998)
Surgem então questionamentos: estamos incentivando nossos jovens e crianças a buscar conhecimento ou informação? Estamos confiando nas suas potencialidades? Incentivando sua criatividade, ou apenas adquirimos o dispositivo “do ano” para que estes prendam a atenção e nos deixem relaxar ao fim de um dia inteiro de trabalho? Fala-se muito em falta de tempo, correria no dia-a-dia, mas são as próprias pessoas que assoberbam-se ao ponto de causar o esgotamento físico, emocional e intelectual, pois criam em seu inconsciente esta falsa imagem de “poder” aliada à condição financeira e posição social, imposta muitas vezes pela mídia e outras tantas, pelo próprio grupo do qual o indivíduo faz parte. O Movimento Tradicionalista Gaúcho surge nesta realidade como um esperançoso artifício capaz de iniciar uma mudança de “dentro para fora”, na forma de agir do ser humano, inicialmente na célula familiar, posteriormente, nos Centros de Tradições Gaúchas, Regiões Tradicionalistas, Estado e consequentemente para a sociedade em que está inserido. Mas, para que isto ocorra, devemos nós, como tradicionalistas pautar as questões positivas que as tecnologias do mundo moderno proporcionam, e fazer uso destas, bem como as negatividades, e saber tratá-las de forma coerente. Seria impossível, isso sim, adotar uma postura retrógrada e ignorar a facilidade de operação e execução dos eventos oficiais do MTG, velocidade de informação e veiculação das questões pertinentes, especialmente em Congressos e Convenções Tradicionalistas, Cursos de Formação, Seminários e Reuniões, essenciais para o perfeito funcionamento desta organização, afinal, foi através da máquina, representada pelo uso do computador e da locomoção automotiva (que permitiu vencer distâncias em menores intervalos de tempo) que aconteceu o alastramento quase inimaginável do Movimento Tradicionalista Gaúcho não só no Rio Grande o Sul, como também em outros estados e países. Diante do êxito, proporcionado pela tecnologia, aos tradicionalistas, consente-se que está sendo levado a efeito mais um dos itens da Carta de Princípios (SARAIVA, 1961): XVIII – Incentivar, em todas as formas de divulgação e propaganda, o uso sadio dos autênticos motivos regionais. Exemplo prático é utilizar-se de uma programação criada para sorteio das danças tradicionais durante o maior Festival de Danças da América Latina, o ENART, visto a dimensão que assumiu tal evento, tornando mais transparente e facilitando a operação, é nitidamente um ato que veio contribuir com o funcionamento do Movimento Tradicionalista Gaúcho e que claramente não fere os propósitos ou objetivos deste. Outro exemplo, bastante simples no tradicionalismo e que contempla a evolução da indumentária gaúcha, sendo alvo de muitas críticas com relação à elitização do nosso movimento, é o valor agregado de uma pilcha. Bem, é necessário lembrar que a tecnologia aqui, também se faz presente. Nos anos 40 os tecidos ditos “refinados” ou sintéticos, são hoje, de fácil acesso e parece até que ocorreu uma inversão. Atualmente o algodão, que retrataria melhor a mulher simples, do campo, tem valor superior, por exemplo, ao oxford. Então nos deparamos novamente com a questão do bom senso, do acompanhar a evolução, sem conflitar com nossos ideais, observar, analisar, para só então gerar as conclusões. Entretanto, podemos ter uma breve projeção do uso inadequado e exacerbado dos celulares e mídias portáteis no futuro analisando um estudo realizado pela Universidade Tohoku no Japão (2014), que após tantos anos do surgimento da televisão e inúmeras discussões apontou que, realmente ela é prejudicial ao desenvolvimento intelectual das crianças, pois diferentemente de aprender a tocar um instrumento, assistir TV não proporciona variedade e mudança de ritmo. Vale aqui aquela afirmação corriqueira, de que tudo que é “demais” é prejudicial, bem como a reflexão dos efeitos (ainda desconhecidos) do uso exagerado das muitas tecnologias disponíveis no mercado. Acrescente-se que, o custo de dispositivos eletrônicos e tecnológicos está cada vez menor, possibilitando o acesso da grande maioria da população mundial, possibilitando e democratizando o acesso à informação, cabe a cada um absorver o que considere funcional e necessário ao seu cotidiano. O que causa preocupação, entretanto, são dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2016) que apontaram, que enquanto 92,3% dos lares brasileiros tinham pelo menos um morador com telefone celular, apenas 66% de famílias contavam com tratamento de esgoto, confirmando total incongruência na evolução brasileira. Mas então, de que forma tornar mais velozmente esta ferramenta uma aliada nos diferentes segmentos da sociedade e, inclusive do Movimento Tradicionalista Gaúcho? Assim como o mundo no qual este movimento está inserido, nós tradicionalistas não estamos conseguindo lidar apropriadamente com tanta informação e fácil acesso às tecnologias, prova disto é que apesar de tantas facilidades, segundo a Simone Linck (2016) apenas uma pequena parcela da população do Rio Grande do Sul é atingida pelas comunicações com os propósitos e filosofia do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Como nós, enquanto seres racionais, poderíamos reverter este quadro? Vivemos um dos grandes paradoxos da atualidade, em que dispomos de tantas ferramentas ao alcance de um “click” e não fazemos destas aliadas de um progresso muito mais que material, mas talvez o que mais a humanidade necessite: uma elevação intelectual e social. Ao se mencionar a palavra tecnologia, é tendencioso lembrar de telefones celulares e computadores de última geração e junto a estes a Internet, pois esses estão nas mãos dos consumidores e a segunda assegurou sua evolução na busca pela informação e globalização, tornando-os cada vez mais necessários à vida moderna. Desta forma, é sustentável a ideia de que se faça inicialmente uma análise mais profunda acerca da presença e importância destes na vida das pessoas, do que elas buscam quando acordam pela manhã e o primeiro ato é acessar mensagens instantâneas ao alcance dos dedos. Dan Brown nos remete a uma reflexão em seu livro Origem
[...] O que antes eram momentos calmos de reflexão solitária - alguns minutos sozinho num ônibus, caminhando para o trabalho ou esperando a hora de um compromisso – agora pareciam insuportáveis, e as pessoas impulsivamente pegavam seus telefones, fones de ouvido e jogos, incapazes de lutar contra a atração viciante da tecnologia. Os milagres do passado estavam se esvaindo, substituídos por uma fome incessante de tudo que fosse novo. (BROWN, 2017)

A resposta é muito mais simples do que tantos sustentam: o indivíduo apenas está procurando fazer parte de um grupo, e desta forma viver mais confortavelmente em sociedade, pois caso contrário, irá se sentir deslocado se não partilhar dos mesmos sentimentos e opiniões. Mas como a onda de informação é muito grande, este não consegue geri-las e fazer uso das mesmas apropriadamente. Para tal, é necessário “falar a mesma linguagem”. Quantos grupos de rede social (dos tantos que existem) dos quais fazemos parte são formadores de opinião, ou expõem efetivamente questões que geram discussões das pessoas que o compõe? Qual foi o último debate do qual lembra ter tomado um posicionamento, e reunido argumentos que defendiam seu ponto de vista? E-mails, sites, blogs, Skype, Facebook, Instagram, Twitter, SnapChat, Messenger, Whatsapp e tantos outros que virão, são exemplos da variedade de opções de comunicação fácil e rápida utilizando a Internet, algumas já defasadas, outras em ascensão, conforme a necessidade de cada usuário. Há 50 anos, seria inconcebível imaginar a possibilidade em assistir em tempo real a aprovação de um regulamento, durante a Convenção Tradicionalista, através de um equipamento de dimensão 13 x 6 centímetros e pesando apenas 130 gramas. Os precursores do Movimento Tradicionalista Gaúcho, nunca imaginariam que com tal alastramento do tradicionalismo aliado ao progresso e evolução das tecnologias (e nelas estão inclusas também os meios de locomoção) existiria um Centro de Tradições Gaúchas estruturado na China no século XXI. 

3 VALORIZAÇÃO DO SER HUMANO É necessário observar o ambiente que nos cerca, pois este, está constantemente mudando, segundo a segundo. A cada dia, astrônomos descobrem novos planetas fora do sistema solar, provando que somos tão minúsculos se comparados ao universo, e tornando incompreensível o modo de agir do ser humano que pensa individualmente, ignorando que o viver é coletivo, que as relações devem se processar para que o mundo como nossos avós conheceram (e que está ameaçado) não desapareça completamente. Brown (2017, p. 96) lembra ainda, que no passado remoto, os gregos precisaram olhar séculos atrás para estudar a cultura antiga, enquanto que nós, podemos notar as inúmeras diferenças culturais observando apenas uma única geração atrás. Continua dizendo que, o desenvolvimento humano possui uma linha do tempo, que está se comprimindo, a ponto de o espaço que separa o “antigo” do “moderno” se encolher tanto que pode vir a desaparecer. Poderíamos ir mais adiante, e fazer uma analogia simples com as Leis da Física de Isaac Newton, das quais a 1ª Lei – Princípio da Inércia, nos diz que “todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele” e desta forma entenderemos porque o Ser humano é capaz de mudar apenas no caos. Exemplo perfeito, é quando ocorrem grandes tragédias ou desastres naturais, as pessoas se unem, sendo necessário enfrentar a dor extrema para que o espírito solidário prevaleça e o estado de normalidade (ou parte dele) retorne. Isso também se aplica àquela rotina de doze meses de trabalho com um regime de 40 horas semanais, e é por este motivo que ao sair de férias, o indivíduo demora a desvincular-se de seu pensamento cotidiano, até que entre em sintonia com a velocidade do ambiente que o cerca. E não seria diferente à velocidade e imediatismo observado na sociedade, e Mário Sérgio Cortella faz referência a este processo através de um pensamento bastante conhecido: “vivemos numa época em que há valor volúvel e uma pressa nas comunicações e nas conversas”. Dentro deste contexto, é indispensável que o ser humano recupere liderança sobre suas próprias ações, sem deixar-se induzir pelo falso comodismo em participar de uma “onda” na qual todos agem por impulso, sem questionar sua função enquanto seres racionais e sociáveis que são. A necessidade de relações pessoais, com troca de experiências, debates e observações sociais, práticas coletivas, como o dançar em uma invernada artística ou fazer parte de uma equipe de laçadores, ou seja, do próprio Centro de Tradições Gaúchas, são essenciais para a evolução em sociedade, em busca de um mesmo objetivo, seja ele momentâneo, ou a longo prazo. A citar, na esfera MTG, já houveram discussões informais sobre a possibilidade de se realizar eventos por videoconferência, sugestão que não se sustentou, e a pergunta, porquê? Pois no seu íntimo, cada indivíduo entende, que anular o encontro físico entre os tradicionalistas seria ferir a ideologia do Movimento Tradicionalista Gaúcho, e criaria um vácuo no convívio fraterno. Ao mesmo tempo que, os tradicionalistas exercem uma incoerência, pois, por vezes viajam centenas de quilômetros para chegar a um evento e darem maior atenção ao indivíduo que está do outro lado de um telefone, do que à pessoa que partilha de uma mesma roda de mate a centímetros de distância. Podemos ainda citar, a Tese “O Sentido e o Alcance Social do Tradicionalismo” de Jarbas Lima, em sua parte III, em que nos diz:

No ritual do mate, processa-se uma verdadeira escola de sociabilidade, compreensão e solidariedade. Nas invernadas artísticas e nos fandangos se transmitem importantes noções de estética e sociabilidade. Nas invernadas mirins se opera a complementaridade das atividades escolares. Não é um mero “reviver o passado”, mas, como acentua Barbossa Lessa, é “resgatar do passado, a esperança perdida”. (LIMA, 1997)
A evolução do ser humano é produto das milhares de vezes que este necessitou atravessar um obstáculo até o momento considerado instransponível. Na filosofia segundo Spencer e Bergson, evolução é o processo de desenvolvimento natural, biológico e espiritual em que toda a natureza, com seus seres vivos ou inanimados, se aperfeiçoa progressivamente. Mas afinal, para você, o que é Evolução? Alguns dirão que é a descoberta de água em Marte, outros, a cura do câncer, outros poderão tomar o sentido poético da palavra e dizer que, evoluir é compreender sua própria existência, enfim evoluir é estar em movimento, e por isso esta palavra, “Evolução”, deve fazer parte do vocabulário e principalmente das ações dos tradicionalistas. O uso coerente das tecnologias envolve todas as faixas etárias e classes sociais da sociedade: crianças, jovens, adultos e idosos, baixa ou alta renda, que são ou não participantes ativos do tradicionalismo. E assim como computadores, tablets e celulares deveriam ser incluídos nas atividades escolares facilitando pesquisas e realização de trabalhos, a questão deve ser trabalhada gerando a conscientização do uso lógico destes equipamentos, a começar por palestras com psicólogos ou outros profissionais especializados, para que atuem nas instituições de ensino (fundamental e médio) motivando alunos, pais e o corpo docente sobre a necessidade de aproximação, do contato direto e democrático, viabilizando uma maior sensibilização e humanização, subtraindo a ideia do “Eu” e aderindo a ideia do “Nós”. Esta tentativa proporcionaria melhor entrosamento, assegurando maior afetividade, entendimento entre pais, filhos e educadores e consequentemente maior rendimento escolar, o que refletiria na formação de cidadãos mais responsáveis dentro de seu quadro social. Por vezes jovens, adolescentes e crianças são duramente criticados pela utilização dos eletrônicos, sem a eles ser dado alternativas para que sejam atraídos para outras atividades, visto que, o telefone celular é como uma extensão do corpo humano para eles, e esta condição deve também ser aceita e respeitada. Outro tópico primordial, é o resgate do folclore e brincadeiras infantis. Atualmente é comum crianças de cinco ou seis anos portando tecnologias, que na maioria das vezes tornam-se vícios sem somar em seu intelecto e formação. O mais preocupante é que os pais estão adaptando-se à estes novos parâmetros ditados pelo consumismo e não percebem que seus filhos se tornaram adolescentes sem nunca brincar de cabra-cega, cinco-marias, peteca ou bilboquê. São brinquedos e brincadeiras de fácil acesso e que estimulam o aprendizado e criatividade do ser humano. É alarmante saber que inúmeras crianças passam vinte quatro horas trancafiadas em casa na companhia de eletrônicos como play stations e outros games, que se utilizados com alta frequência, podem com certeza bloquear a expressão individual (opinião e discernimento). Questões relacionadas com o manuseio e leitura de livros, jornais, revistas e outras formas de arte, como por exemplo, o teatro, devem ser resgatadas. As bibliotecas da maioria das cidades estão sendo trocadas por opções on-line, decorrente do processo de globalização acelerada e falsa impressão de “pouco tempo” na rotina das pessoas. A leitura é essencial para o desenvolvimento da capacidade de interpretação de qualquer indivíduo, e o incentivo ao aprendizado através de objeto físico, do “folhar de páginas” pode vir a melhorar a fixação de conteúdos e promover o bem-estar. Diante disso, campanhas de arrecadação de livros ou oficinas de leituras em parceria com as secretarias de educação dos municípios verifica-se em uma opção simples e eficaz. A assistência ao homem do campo também necessita ser trabalhada de maneira a resgatar os grupos locais, até alguns anos atrás bastante característicos no interior das cidades, nas chamadas comunidades “do interior”, estes eram representados pelos “Grupo de Mães” e “Grupo de Jovens”, agora já escassos, mas que ainda podem ser revitalizados e incentivados, através de campeonatos de diversos jogos entre as comunidades, promovendo a integração entre estas e permitindo que o embrião da sociedade gaúcha sinta-se valorizado. Enfim, é de exímia importância o desenvolvimento de atividades com os idosos, hoje, visivelmente deslocados da sociedade, uma vez que, as tecnologias recentes são menos prováveis de serem incorporadas por esta faixa etária. Alguns tentam integrar-se às redes sociais como um meio de não serem ignorados ou esquecidos pela camada mais jovem, entretanto é notável o saudosismo que estes têm do tempo em que se faziam filós, que a avó ensinava às netas os mais lindos bordados e costuras para o enxoval, e repassavam seus dotes culinários, tempo este, em que os avôs sentavam em volta do fogão à lenha e contavam os “causos” aos netos nos dias de chuva. Para amenizar esta carência, são passíveis de aplicação oficinas de dança (mesmo dentro dos Centros de Tradições Gaúchas) oferecidas aos idosos em integração com as invernadas artísticas, ou ainda, elaboração de trabalhos manuais, em que possam relembrar, desenvolver e repassar habilidades, e porquê não, estender a ideia da necessidade da leitura para a promoção de oficinas que possam auxiliar idosos analfabetos. Ou mesmo apenas para sua distração, sendo que da mesma maneira poderiam ser organizadas para integrar crianças, jovens, adultos e idosos nas entidades tradicionalistas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este documento expõe questões que são observadas e externadas pela grande maioria da população, seja ela tradicionalista ou não. Usar coerentemente as tecnologias compatibilizando com a valorização do ser humano é algo que muitos desejam, mas não estão encontrando a maneira (ou maneiras) apropriadas para tal que surtam o efeito esperado. Nunca um “Bom Dia” acompanhado de um sorriso, ou o calor de um abraço, poderão ser substituídos pela frieza inerente de um aparelho composto por tela LCD (liquid crystal display) e memória artificial. E, diante dos inúmeros apontamentos, entende-se primordial iniciar um trabalho gradativo de conscientização social, de que cada um tem responsabilidade sob as informações que recebe e emana, mas, sobretudo, sobre o conhecimento que promove e compartilha. Numa tentativa de reflexão e ação, usando das tecnologias do mundo moderno, que possamos dar um “passo a frente” como instituição na busca de melhorias concretas para a sociedade que nos envolve e pela qual somos Movimento Tradicionalista Gaúcho. E finalmente para refletir, uma citação que passou a ser disseminada nas redes sociais pelo próprio prejudicado, ou seja, o Ser Humano; Impactante, mas necessária, “Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapasse nossa interação humana, e o mundo terá uma geração de idiotas” (autor desconhecido).


REFERÊNCIAS BETTS, A. KVELLER, D., RICARDO, M. CALZA, T. As Tecnologias e as Novas Formas de Subjetivação. Disponível em: http://www.ufrgs.br/e-psico/subjetivacao/nos_tecnologia_index.html. acesso em: 20 de nov de 2013. BROWN, D. Origem; Tradução de Alves Calado. São Paulo: Arqueiro, 2017. 432 p. DUARTE, O. C. Plano de Ação Social. In: 28º Congresso Tradicionalista Gaúcho. Anais. Cruz Alta, RS. 1983. FIGUEIREDO, C. Novo Diccionário da Língua Portuguesa, 1913, p. 2084. SARAIVA, G. Carta de Princípios. Por ocasião do VIII Congresso Tradicionalista Gaúcho. Taquara, RS. 1961 GUTIERREZ, D. Television damages brain structure of children. 2014. Disponível em: https://www.naturalnews.com/043625_television_brain_structure_children.html. Acesso em: 15 de fev de 2015. LESSA, L. C. B. O sentido e o valor do tradicionalismo. In: Publicação da SAMRIG, por ocasião do 1º Congresso Tradicionalista. Anais. Santa Maria, RS. 1954. LIMA, J. O Sentido e o Alcance Social do Tradicionalismo. In: 42º Congresso Tradicionalista Gaúcho. Anais. Santo Augusto, RS. 1997. MACHADO, Wagner. Telefone Celular vira extensão do corpo humano. 2014. Disponivel em: http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/524093/Telefone-Celular-vira-extensao-do-corpo-humano. Acesso em: 11 de dez de 2018. MARASCHIN, C. AXT, M. Conhecimento. In: STREY, Marlene Neves et alli. Psicologia Social Contemporânea: livro-texto. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. p. 133-145. MENEZES, L. C. Tecnologia na Educação: quanto e como utilizar. 2012. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/809/tecnologia-na-educacao-quanto-e-como-utilizar. Acesso em: 09 de dez de 2015. MORAIS, L. LEMOS, C.B. Proposição Tema Anual: MTG e o uso coerente das tecnologias e valorização do ser humano. In: 61º Congresso Tradicionalista Gaúcho. Anais. Porto Alegre,RS. 2014. NO BRASIL 92 % dos lares tem celular, mas apenas 66% tem esgoto tratado. 2017. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2017/11/no-brasil-92-dos-lares-tem-celular-mas-apenas66-tem-esgoto-tratado.html. Acesso em: 11 de dez de 2018. Significado de Tecnologia. Disponível em: http://www.significados.com.br/tecnologia-2/ .Acesso em: 14 de nov de 2013. STEENSMA, H. Kevin. Acquiring technological competencies through inter-organizational collaboration: an organizational learning perspective. Journal of Engineering and Technology Management, v. 12, n. 4, p. 267-286, 1996.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Antes das lives entenda os fundamentos do movimento tradicionalista gaúcho

 Em épocas de lives, importante estudar um pouco da história antes de falar e deixar correr ao mundo nossa imagem e nossas falas, no final do meus comentários entenderá o porque de uma colcha de retalho de informações para após uma crítica ou uma dica, entenderão como quiser. 

Em reflexões necessárias-Ideologia do tradicionalismo gaúcho:

 "OS FUNDAMENTOS DO MOVIMENTO TRADICIONALISTA GAÚCHO
 O sentido do tradicionalismo e o seu valor foram definidos por Barbosa Lessa na tese aprovada durante o 1º Congresso Tradicionalista realizado em Santa Maria, no inverno de 1954. Os objetivos do tradicionalismo gaúcho estão insculpidos na Carta de Princípios, elaborada por Glaucus Saraiva e aprovada no 8º Congresso Tradicionalista realizado em Taquara no ano de 1961. Os objetivos do MTG, como federação, foram definidos no 12º Congresso Tradicionalista realizado em outubro de 1966, na cidade de Tramandaí, no estatuto apresentado por Hugo da Cunha Alves, oportunidade em que o MTG foi criado. As características do MTG foram definidas, também, no 12º Congresso, por proposta de Hermes Ferreira e constam no Brasão de Armas, são elas: social, nativista, cívica, cultural, literária, artística e folclórica. Os valores básicos da tradição gaúcha foram didaticamente apresentados por Jarbas Lima no 40º Congresso Tradicionalista, realizado no verão de 1995, em Dom Pedrito e são eles: espírito associativo, nativismo, respeito à palavra dada, defesa da honra, coragem, cavalheirismo, conduta ética, amor à liberdade, sentimento de igualdade, politização, e o senso de modernidade. As crenças que caracterizam o tradicionalismo são encontradas nas obras de Paixão Cortes, Barbosa Lessa, Manoelito de Ornelas, Glaucus Saraiva, nas letras de músicas regionais, nas palestras e pregações de inúmeros tradicionalistas e, sem querer esgotar o tema, podemos enumerar: a família como célula indispensável, a convivência das gerações como garantia do fazer da tradição, o respeito em relação ao outro como garantia da sociabilidade, a confiança como elemento de tranquilidade psicológica, o trabalho em mutirão como argamassa de construção do ambiente associativo, a força do grupo local que atende, no indivíduo, o sentimento de pertencimento. Os princípios do tradicionalismo gaúcho são vários e dificilmente poderão ser estabelecidos de forma definitiva, mas analisando todos os documentos já citados e outros mais aprovados em Congressos ou apresentados em obras como o Nativismo de Barbosa Lessa, Curso de Tradicionalismo de Antonio Augusto Fagundes, Manual do Tradicionalista de Glaucus Saraiva, ABC do Tradicionalismo de Salvador Lamberti, entre tantas outras. Para fins desse documento e atendendo ao que ele se propõe, selecionamos três princípio para que sirvam de base ao “Plano de recomposição ideológica”: a simplicidade, a tradicionalidade e o voluntariado"...

Em outro trecho e finalizando encontra-se no documento : "Reafirmamos que nossa proposta tem objetivo de trazer à tona, ou fazer brilhar, princípios e valores que foram alicerce da estruturação do Movimento, não é retorno ao passado, mas projeção de futuro. A partir dessas reflexões o os tradicionalistas, especialmente seus líderes, poderão propor medidas que possam nos manter fortes, unidos e focados nos objetivos definidos pela Carta de Princípios e consolidados nos estatutos sociais".
 Em debate no 65º CONGRESSO TRADICIONALISTA ( aqui você acessa a integra) nas páginas 108 e 109...
transcrevo parte da ata

 "Sr. João Lucas, saudando a todos, diz que vem ao congresso e na entrada do CTG as pessoas nos olhavam com estranheza e com surpresa. Diante disso percebe que aparentemente foram precisos 64 congressos para que os músicos se fizessem presentes e se manifestassem. Estão efetivamente começando a fazer parte do Movimento. Não tinha ideia do que é um congresso, do que se faz aqui. Que retorna para casa com a sensação de ser mais tradicionalista. Talvez não sejamos tão amadores, mas se considerar o sentimento amador, somos sim, voluntários, levamos nossa arte àqueles que apreciam a nossa música. Não há o que contrapor ao discurso do Sr. Manoelito. Manifesta sua total favorabilidade a esta moção, colocando-se à total disposição para que juntos possamos encontrar melhores caminhos para o prosseguimento e avanço do que for necessário".


  "Alexandre Brunetto saudou a todos e disse que veio na certeza do que Sr. Manoelito solicitaria a utilização do CD; porém, para sua surpresa, isso não ocorreu da forma que imaginou. Diz ser a favor do uso do CD, que muitas vezes grava CDs com sua voz para utilização de grupos de danças e que faz isso como voluntário. Já viu muita coisa errada acontecer, que dedicou 25 anos da vida como músico. Chamava-se de músico folclórico, porque tinha vergonha de dizer que tocava para grupos de danças, pois queria ser famoso, como muitos, e que hoje graças a Deus e a muitos amigos e muitos grupos de dança tem orgulho de dizer que é cantor de grupo de danças de invernadas. Disse ainda que capinou em volta do CTG, que serviu e recolheu prato, e que graças a Deus tem a oportunidade de trabalhar em um ambiente em que dançam seus filhos e que tem certeza que nenhum vagabundo vai se aproximar deles. Agradeceu a todos".

 "Sr. Alessandro Gradaschi disse que o que temos hoje, esse modelo, foi criado por nós mesmos; temos nossa responsabilidade, todos estamos no mesmo barco. Diz que é um grande prazer conhecer os músicos, que é a primeira vez que os mesmos participam de um congresso, que estão aqui defendendo seus interesses, que espera que permaneçam aqui até amanhã. Que todos sabem disso, mas ninguém fala nada" ( Gradaschi é conselheiro do MTG em 2020)

 Relator passou a palavra para a presidente para a votação da moção de reflexão apresentada. A presidente colocou em votação, sendo a mesma aprovada como tese por unanimidade.

Faço essa postagem por ter assistido a algumas lives de diretores do MTG, conselheiros que não leram  ou não entenderam os documentos basilares do MTG, trago a tese: reflexões necessárias: Ideologia do Movimento tradicionalista para ser relida. Trago trechos da ata do congresso pela relevância das falas de dois músicos e um conselheiro pois tanto debatemos em congressos e convenções onde se "formou " o movimento muitas vezes rimos porque em uma no aprovamos uma proposição que no outro ano entramos com outra proposição alterando o que aprovamos no ano anterior e assim vamos em "horas de banco "em congresso mas com a alegria de estarmos entre amigos e tradicionalistas. Quando falamos em aprovação em congresso não é canetaço ou ofensas que vão mudar o movimento.
 Em lives vejo algumas palavras pronunciadas , que vale um estudo ou uma procura no dicionário on line :
hipócrita-que ou aquele que demonstra uma coisa, quando sente ou pensa outra, que dissimula sua verdadeira personalidade e afeta, quase sempre por motivos interesseiros ou por medo de assumir sua verdadeira natureza, qualidades ou sentimentos que não possui; fingido, falso, simulado .

Militarismo-sistema político em que prevalece o poder dos militares.  Tendência para fortalecer as forças armadas e solucionar os conflitos internacionais pela guerra.
Familia: grupo de pessoas vivendo sob o mesmo teto (esp. o pai, a mãe e os filhos).


 Militarismo ou ideologia militarista é uma ideologia que defende que a sociedade é mais bem servida (ou servida de maneira mais eficiente) quando governada ou guiada por conceitos ou pessoas oriundos da cultura, doutrina e sistema militares.

 grupo de pessoas com ancestralidade comum.


 linhagem: série de gerações; linha de parentesco; 

 juventude:período da vida do ser humano compreendido entre a infância e o desenvolvimento pleno de seu organismo.


Autenticidade:qualidade, condição ou caráter de autêntico.caráter do que é genuíno, verdadeiro; lidimidade.caráter do que é legítimo, adequado; pertinência, lidimidade.(jurídico- termo )propriedade daquilo a que se pode atribuir fé; legitimidade.