As mulheres da minha terra,
obreiras de sol a sol.
São ardentes e são férteis
sob o luar do lençol.
O tempo atrás das cortinas,
a toalha branca na mesa.
Retratos de mãe e avós
revelam rancor e grandeza.
Altivas em seu silêncio,
as mulheres da minha terra
colocam flores nos jarros
e fogo em armas de guerra.
Os homens nos entreveros,
pencas e reboliços.
Elas, a mesa posta.
A casa com seus ofícios.
As mulheres da minha terra
bem aprenderam na espera:
podem passar vendavais,
que tudo se recupera.
Às mulheres da minha terra
a espera as fez maduras.
São fortes e são distantes
Em sua difícil ternura.
Arde o corpo em solidão.
Na sala há paz e calma.
Abrem os portas e o corpo.
Ninguém decifra sua alma.
As mulheres da minha terra
ante o sonho e a solidão
levam o passado às costas
e os filhos, pela mão.